“More Citizenship, Less Militancy”: The Ambivalence of Political Activism in Luanda
« Plus de citoyenneté, moins de militantisme » : ambivalences de l’activisme politique à Luanda
“Mais cidadania, menos militância”: ambivalências do ativismo político em Luanda
Résumé
In August 2017, José Eduardo Dos Santos stepped down as President of Angola after 38 years in power. His successor, João Lourenço, made unexpected announcements, promising to open dialogue with civil society and to launch a major national anti-corruption plan. For the few dozen activists who had taken to the streets in Luanda and suffered fierce repression under dos Santos, this marked the start of a new era. Street demonstrations and loose networks gave way to formal organisations. Medium-term strategies replaced one-off mobilisations. The desire to contribute to structural change was added to the denunciations of abuses and dysfunctions. The ‘Jovens Pelas Autarquias’ [Young People for Local Democracy] network became the channel for an unprecedented campaign that combined lobbying Parliament with political popular education on a micro-local scale across the city.By uncovering both the rhetoric and the actions of several collectives affiliated to this network, the article shows how a political community is gradually being created among the mobilised youth of Luanda. Presented by its supporters as the invention of citizenship from below, this new political imagination is above all an attack on the monopoly of the ruling party and the capture of dissident discourse by the opposition parties. But the article also reveals its contradictions and fragilities. Observed from the inside and in its day-to-day operations, the ‘Jovens Pelas Autarquias’ movement ultimately appears incapable of challenging implicit hierarchies: cadres are pitted against ordinary members, intellectuals against the masses, and those who belong to State’s institutions against those who operate on the fringes of official formalism, ultimately tacitly reproducing the mechanisms of power and domination that characterise the Angolan system more broadly. Analysing these tensions highlights the ambivalent dynamics of this democratisation from below and questions the theoretical vulnerability of the concept of citizenship, understood here both as a demand for reciprocity between the State and its citizenry and as a disciplining tool shaping ordinary politics.
En août 2017, José Eduardo dos Santos quitte la présidence de l’Angola après 38 années au pouvoir. Son successeur, João Lourenço, crée la surprise en promettant d’ouvrir le dialogue avec la société civile et de lancer un grand plan national de lutte contre la corruption. Pour les quelques dizaines d’activistes qui étaient descendus dans la rue à Luanda et avaient souffert une répression féroce sous dos Santos, c’est le début d’une nouvelle ère. Les manifestations de rue et les réseaux acéphales laissent la place à des organisations formelles. Des stratégies à moyen terme remplacent les mobilisations ponctuelles et la volonté de contribuer à un changement structurel s’ajoute aux dénonciations des abus et des dysfonctionnements. Le réseau « Jovens Pelas Autarquias » [Jeunes pour la démocratie locale] devient le canal d’une campagne sans précédent qui associe des actions de lobbying auprès des députés à des initiatives d’éducation politique populaire à l’échelle micro-locale à travers la ville.En mettant à jour à la fois la rhétorique et les actions de plusieurs collectifs affiliés à ce réseau, l’article montre comment se crée progressivement une communauté politique au sein de la jeunesse mobilisée de Luanda. Présentée par ses partisans comme l’invention d’une citoyenneté par le bas, cette nouvelle imagination politique s’attaque avant tout au monopole du parti au pouvoir et à la capture de la parole dissidente par les partis d’opposition. Mais l’article en révèle aussi les contradictions et les fragilités. Observé depuis l’intérieur et sur la base de son fonctionnement quotidien, le mouvement « Jovens Pelas Autarquias » se montre finalement incapable de remettre en cause les hiérarchies implicites qui opposent les cadres et les membres ordinaires, les intellectuels et les masses, ou encore ceux qui appartiennent aux institutions de l’État et ceux qui évoluent dans les marges du formalisme officiel, reproduisant finalement de façon tacite les mécanismes de pouvoir et de domination qui caractérisent le système angolais en général. Analyser ces tensions met en évidence les dynamiques ambivalentes de cette démocratisation par le bas et interroge la vulnérabilité théorique du concept de citoyenneté, entendu ici à la fois comme une demande de réciprocité dans les relations entre État et sujets et comme un outil de disciplinarisation du politique ordinaire.
Em agosto de 2017, José Eduardo dos Santos deixou o cargo de Presidente de Angola após 38 anos no poder. O seu sucessor, João Lourenço, surpreendeu ao prometer abrir o diálogo com a sociedade civil e lançar um grande plano nacional anti-corrupção. Para as poucas dezenas de activistas que tinham saído à rua em Luanda e sofrido uma repressão feroz durante o governo de José Eduardo dos Santos, isto marcou o início de uma nova era. As manifestações de rua e as redes informais deram lugar a organizações formais. As estratégias a médio prazo substituíram as mobilizações pontuais e às denúncias de abusos e disfunções juntou-se o desejo de contribuir para uma mudança estrutural. A rede “Jovens Pelas Autarquias” tornou-se o canal para uma campanha sem precedentes, que recorreu ao lobbying junto dos deputados tal como á iniciativas de educação política popular à escala micro-local em toda a cidade.Ao revelar tanto a retórica como as ações de vários coletivos afiliados a esta rede, o artigo mostra como uma comunidade política está a ser gradualmente criada entre a juventude mobilizada de Luanda. Apresentada pelos seus apoiantes como a invenção da cidadania a partir de baixo, esta nova imaginação política é sobretudo um ataque ao monopólio do partido no poder e à captura do discurso dissidente pelos partidos da oposição. Mas o artigo revela também as suas contradições e fragilidades. Observado de dentro e a partir do seu funcionamento quotidiano, o movimento ‘Jovens Pelas Autarquias’ acaba por se mostrar incapaz de desafiar as hierarquias implícitas que opõem os quadros aos membros comuns, os intelectuais às massas, ou os que pertencem às instituições do Estado aos que operam à margem do formalismo oficial, acabando por reproduzir tacitamente os mecanismos de poder e dominação que caracterizam o sistema angolano em geral. A análise destas tensões evidencia as dinâmicas ambivalentes desta democratização a partir de baixo e questiona a vulnerabilidade teórica do conceito de cidadania, aqui entendido quer como exigência de reciprocidade nas relações entre Estado e sujeitos, quer como instrumento de disciplinamento da política ordinária.
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