Caviomorpha é um clado de roedores histricognatos sul-americanos com grande diversidade taxonômica e fenotípica. Sua distribuição estratigráfica varia do Eoceno médio até o recente. Na Formação Solimões, localizada no noroeste do Brasil, um rico registro fóssil do Neógeno foi documentado nos últimos anos, sendo encontrados marsupiais, roedores, xernatros, primatas, aves, cobras, invertebrados, plantas, entre outros. No Rio Envira (Feijó, Acre), um novo afloramento denominado “Seringal Coqueiro” vem sendo explorado e diversos grupos de animais estão sendo descobertos, entre eles os roedores. Estudos recentes reportam a presença de Dinomydae, Potamarchinae e Neoepiblemidae (Chinchilloidea); e Caviidae (Cavioidea). Aqui, relatamos dados preliminares sobre novos achados de roedores caviomorfos recuperados em trabalhos de campo de 2010, 2019 e 2022 no Rio Envira (Acre). A coleta se deu em estratos sedimentares do Neógeno expostos na margem direita deste rio e estão depositados no acervo paleontológico da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, Cruzeiro do Sul (UFAC-CS). Os fósseis foram encontrados utilizando o método screen-washing e subsequente triagem manual sob estereomicroscópio. A análise preliminar identificou uma mandíbula, uma maxila e diversos dentes molariformes isolados (~120). Nossos resultados sugerem a presença de novos espécimes de Octodontoidea, Erethizontoidea e Chinchilloidea. A presença de stem-Octodontoidea em descrição corrobora a hipótese de estabilidade dos trópicos, visto que este grupo começa a desaparecer em latitudes altas durante o Mioceno médio e mantém-se até o final do Mioceno em latitudes menores (confirmado pelo registro aqui apresentado). Esse padrão tem sido documentado para outros grupos de mamíferos e é possivelmente relacionado com mudanças climáticas na região austral do continente durante o Neógeno, que levaram ao surgimento de áreas áridas naquela região. Por apresentarem condições climáticas mais estáveis, os trópicos são conhecidos pelo registro de linhagens por mais tempo do que na extremidade do continente. Embora alguns desses fósseis ainda não tenham sido identificados em um nível menos inclusivo, é possível observar que este achado amplia ainda mais a mais diversa assembleia de roedores do Neógeno da Amazônia brasileira