A contaminação provocada pela atividade de grandes complexos industriais afeta a vida económica e social das pessoas que habitam em zonas contíguas a estes locais. A vulnerabilidade das populações revela-se a nível da qualidade da água, e dos solos cultiváveis; das alterações do ambiente natural, das práticas culturais e atividades económicas; dos estilos de vida e dos efeitos na saúde. Em Estarreja, apesar de indicadores de contaminação serem do conhecimento público, nenhuma recomendação oficial tem sido comunicada aos habitantes. Tal situação leva a que os próprios habitantes avaliem a sua exposição e decidam optar por certos comportamentos de proteção. Neste artigo, analisa-se precisamente a forma como as pessoas e comunidades reagem e se adaptam à contaminação em Estarreja. As principais questões identificadas são: Como a população identifica e experiencia o risco? Quais as práticas sociais (como o lazer e o consumo) afetadas? E, como é vivenciada a saúde neste território? Os resultados são relevantes para o conhecimento da vida quotidiana das pessoas em áreas contaminadas para melhor responder à ignorância e à incerteza. São igualmente úteis para a reflexão de políticas públicas em termos de informação sobre os diferentes usos seguros do território e a forma como devem ser veiculadas informações junto da comunidade local esclarecendo melhor as populações acerca de comportamentos mais adaptados.