Articular o epistemológico e o político. O caso da "pesquisa participativa"
Résumé
Na pesquisa participativa, pesquisadores e pessoas envolvidas em uma situação-problema tentam co-construir o conhecimento, compartilhando conhecimento e poder. As ciências sociais, a saúde pública, a agronomia etc. são campos que têm sido desenvolvidos e amplamente discutidos em diferentes formas de pesquisas participativas. No entanto, elas continuam sendo um objeto epistemológico negligenciado pelos filósofos da ciência. Nesta apresentação, pretendo fazer uma contribuição para corrigir essa deficiência, articulando uma discussão política e epistemológica a partir da seguinte questão: As características epistemológicas das metodologias de pesquisa participativa podem ser consideradas como condições necessárias, suficientes, privilegiadas etc. para que a pesquisa científica aplicada contribua para a luta contra a dominação? Para responder a esta pergunta, apresentarei alguns exemplos de lugares nos quais foram testadas as metodologias de pesquisa desse tipo, salientando o fato de que a pesquisa participativa se diferencia das abordagens padronizadas da prática científica. Afinal, na pesquisa participativa, os pesquisadores tornam explícita a sua relação com as questões sociais e políticas do tema da pesquisa, enquanto os não-cientistas têm um papel na escolha da metodologia e na interpretação dos resultados. Em termos epistemológicos, as experiências de pesquisa participativa nos fazem retomar a tradicional divisão entre ciência e senso comum através da introdução de um pluralismo nos meios de justificação do conhecimento. Feitas essas considerações, podemos perguntar: qual grau de relativismo epistemológico é preciso admitir para refletir a respeito da contribuição da ciência nos processos de emancipação.